No culto do dia 24 de fevereiro fizemos uma
profunda reflexão sobre a pressa e o consumismo – características da chamada
“geração do imediatismo”, que tem se tornado maioria no mundo em que vivemos.
Tudo é sempre “para ontem”: não há tempo para conversar em família, pois sempre
existem muitos compromissos a serem cumpridos; não há tempo para conhecer uma
pessoa verdadeiramente, já que em poucos minutos de conversa revelamos detalhes
de toda a nossa vida; não há paciência para aguardar numa fila, ou num
semáforo, e muito menos para cumprir um tratamento médico e esperar que a
medicação faça efeito... tudo é sempre urgente.
Em nossa vida
espiritual não é diferente. Vamos à Igreja esperando uma solução imediata, um
milagre pontual. E, se porventura isso não acontece, a impaciência nos leva ao
abandono da fé. Em determinados momentos temos a impressão de que Deus está
muito distante, como se estivesse indiferente às nossas necessidades, sem
pressa alguma em nos atender. Surge então uma tensão entre a nossa pressa e a
aparente demora de Deus. O resultado, não raro, é a sensação de abandono, de
agonia e de impotência total. Ledo engano. Desconhecemos que Deus tem o tempo
exato para realizar sua obra, para conceder sua benção.
Há três reflexões que precisamos fazer
nessas ocasiões:
1ª Deus não tem pressa ! O agir
de Deus como Senhor do tempo, da vida e da história é na exata medida de sua
precisão. Ele é perfeito em tudo que faz. A pressa é própria do homem. Nossas
neuroses não combinam com a paciência de Deus, sendo sempre bom lembrar que a
nossa pressa não altera a ordem natural das coisas. O fluxo da vida é como o
leito de um rio, que corre sozinho, sem que ninguém precise apressá-lo.
2ª A aparente demora de Deus deve
ser entendida por nós como um tempo pedagógico. Enquanto esperamos, Ele nos
está ensinando algo. Muitas vezes, é na expectativa da espera que encontramos
tempo para um mergulho em nosso interior, para mudarmos nossas percepções,
refletirmos sobre nossos valores, sentimentos e prioridades. Esperar origina
uma forma de aprender. Quando esperamos em Deus, estamos aprendendo com ELE.
3ª O tempo sempre nos traz à luz
aquilo que não conseguimos enxergar de imediato, porque a pressa encobre nossa
visão. Consequentemente, a paciência produz a experiência, e a experiência nos
conduz à esperança. Quem quiser colher frutos no futuro, precisa aprender a
plantar esperança e paciência. Logo, por que apressar o rio se ele corre
sozinho e naturalmente? A cultura do imediato, das respostas prontas, da comida
rápida e das demais neuroses que a sociedade moderna nos impõe, acaba roubando
de nós a paciência, uma das virtudes mais indispensáveis para quem quer viver
uma vida melhor e colher os frutos de um futuro feliz.
A vida desenvolve uma contínua
construção que exige repensar valores, vivenciar novos sentimentos, aprender
novas lições, conquistar novos espaços e vislumbrar novos horizontes. A vida é uma
grande escola, um aprendizado desenvolvido diariamente. Deixemos, pois, que
cada dia dê conta de si mesmo, e que despeje suas águas turvas, cheias de
mazelas e tensões, sempre ao pôr do sol. Tenhamos sempre em mente que Deus está
no controle de tudo, inclusive do tempo. Por que, então, apressar o rio? Siga o
conselho de Jesus Cristo:
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o
dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6:34)
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