quarta-feira, 6 de março de 2013

O Tempo de Deus


         


          No culto do dia 24 de fevereiro fizemos uma profunda reflexão sobre a pressa e o consumismo – características da chamada “geração do imediatismo”, que tem se tornado maioria no mundo em que vivemos. Tudo é sempre “para ontem”: não há tempo para conversar em família, pois sempre existem muitos compromissos a serem cumpridos; não há tempo para conhecer uma pessoa verdadeiramente, já que em poucos minutos de conversa revelamos detalhes de toda a nossa vida; não há paciência para aguardar numa fila, ou num semáforo, e muito menos para cumprir um tratamento médico e esperar que a medicação faça efeito... tudo é sempre urgente.
Em nossa vida espiritual não é diferente. Vamos à Igreja esperando uma solução imediata, um milagre pontual. E, se porventura isso não acontece, a impaciência nos leva ao abandono da fé. Em determinados momentos temos a impressão de que Deus está muito distante, como se estivesse indiferente às nossas necessidades, sem pressa alguma em nos atender. Surge então uma tensão entre a nossa pressa e a aparente demora de Deus. O resultado, não raro, é a sensação de abandono, de agonia e de impotência total. Ledo engano. Desconhecemos que Deus tem o tempo exato para realizar sua obra, para conceder sua benção.
        Há três reflexões que precisamos fazer nessas ocasiões:
1ª Deus não tem pressa ! O agir de Deus como Senhor do tempo, da vida e da história é na exata medida de sua precisão. Ele é perfeito em tudo que faz. A pressa é própria do homem. Nossas neuroses não combinam com a paciência de Deus, sendo sempre bom lembrar que a nossa pressa não altera a ordem natural das coisas. O fluxo da vida é como o leito de um rio, que corre sozinho, sem que ninguém precise apressá-lo.
2ª A aparente demora de Deus deve ser entendida por nós como um tempo pedagógico. Enquanto esperamos, Ele nos está ensinando algo. Muitas vezes, é na expectativa da espera que encontramos tempo para um mergulho em nosso interior, para mudarmos nossas percepções, refletirmos sobre nossos valores, sentimentos e prioridades. Esperar origina uma forma de aprender. Quando esperamos em Deus, estamos aprendendo com ELE.
3ª O tempo sempre nos traz à luz aquilo que não conseguimos enxergar de imediato, porque a pressa encobre nossa visão. Consequentemente, a paciência produz a experiência, e a experiência nos conduz à esperança. Quem quiser colher frutos no futuro, precisa aprender a plantar esperança e paciência. Logo, por que apressar o rio se ele corre sozinho e naturalmente? A cultura do imediato, das respostas prontas, da comida rápida e das demais neuroses que a sociedade moderna nos impõe, acaba roubando de nós a paciência, uma das virtudes mais indispensáveis para quem quer viver uma vida melhor e colher os frutos de um futuro feliz.
       A vida desenvolve uma contínua construção que exige repensar valores, vivenciar novos sentimentos, aprender novas lições, conquistar novos espaços e vislumbrar novos horizontes. A vida é uma grande escola, um aprendizado desenvolvido diariamente. Deixemos, pois, que cada dia dê conta de si mesmo, e que despeje suas águas turvas, cheias de mazelas e tensões, sempre ao pôr do sol. Tenhamos sempre em mente que Deus está no controle de tudo, inclusive do tempo. Por que, então, apressar o rio? Siga o conselho de Jesus Cristo:

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.”  (Mateus 6:34)

Nenhum comentário:

Postar um comentário